O que falha no nosso SNS
Se não gastamos tão pouco assim no nosso Serviço Nacional de Saúde, porque é que há tantas queixas? Pode ou não melhorar-se o serviço sem gastar mais?
Convite
... ... ...
Os temas de conversa surgirão, naturalmente, por proposta dos participantes, e manter-se-ão em debate enquanto eles nisso
manifestarem interesse.
Obviamente que não reservo para mim qualquer direito, de propriedade intelectual ou outro; apenas manterei, por razões de
operacionalidade, o cargo de “fiel de armazém”, e, claro, terei todo o gosto em pagar as bicas!
Boavida
2005/02/06
Novo tema ...Constituição Europeia. O Sim, O Não e os porquês.
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9 Contributo(s)
A minha resposta à pergunta é, sem sombra de dúvidas, é possível sim. No SNS, como em (quase?) tudo neste país. Um dos principais problemas das nossas instituições é sobrevalorizarem-se, em detrimento dos respectivos utilizadores. O poder é fraco e "vesgo", para implementar as correcções necessárias. Os "lobbies" têm estão sempre protegidos.
Há uma forma de começar a alterar, pela positiva, este estado de coisas, não só na Saúde: trata-se de ouvir e registar, sistematicamente, as queixas e reclamações dos utentes e seus familiares, bem como os reparos dos profissionais. Ao fim de algum tempo será fácil indentificar, com precisão, os elementos "obstutores", reconhecer, com justiça, os bons elementos e as boas práticas. Depois é só introduzir as correcções adequadas: punir os primeiros e "premiar" os segundos.
É apenas uma ideia. Não é a minha área de trabalho e, por isso, falo apenas pelo que conheço e pelo que ouço dizer (o que já não é pouco). Até porque conheço exemplos, bem escandalosos, de alguns dos piores exemplos e piores práticas, que poderiam ter sido correctamente identificados, se alguém quisesse fazê-lo...
Apenas uma primeira achega para um problema tão complexo.
Em primeiro lugar começar pela reestruturação da assistência médica e de enfermagem dos Centros de Saúde.
Desburucratizar-se a actividade médica para haver maior disponibilidade assistencial do Médico de Família, nomeadamente ás visitas médicas domiciliárias e maior disponibilidade (naturalmente que paga) para a assitência fora das horas de serviço, em regime de chamada. Haver um maior acompanhamento por parte dos serviços de enfermagem nas diversas frentes de acção assistencial em moldes de disponibilidade idênticas á referida para os médicos.
Tudo isto virá em benefício do cidadão e reduziria o recurso aos Hospitais permitindo que estes oferecessem uma assistência mais cuidada e menos atabalhoada.
Haverá ainda muito mais a dizer.
Fico também á espera dos primeiros comentários.
A saúde e a educação são os pilares básicos para o progresso.
Quanto à saúde, em primeiro lugar, o próprio conceito deveria ser redefenido. A saúde não é, a ausência de dôr ou sofrimento e, lamentávelmente essas são as causas que levam os utentes a recorrerem ao SNS. O médico,enquanto agente deste SNS, não tem uma intervenção efectiva na manutenção da saúde e, na maior parte das vezes limita-se a practicar uma medicina sintomática, não didáctica, alimentando a indústria farmacêutica e do diagnóstico, quantas vezes com graves repercursões para o doente utente, quer pelos efeitos secundários dos medicamentos, quer pelas radiações dos raio X, das ecografias, ultrassonografias, etc.
O utente, a maior parte das vezes por ignorância, esquece que indirectamente, está a pagar todos esses medicamentos e exames através dos seus impostos e a engordar multinacionais conhecidas que têm em Portugal um belíssimo cliente! Não esqueçamos, que somos o país da Europa que consome mais antibióticos e estamos na frente, no consumo de antidepressivos!!! Ora... é impossível tratar da depressão de uma idosa, viúva, que habita uma casa degradada, com uma reforma de miséria, preocupada com a situação periclitante dos filhos adultos com vidas angustiantes... com antidepressivos!... Mas o estado, prefere, engordar essas multinacionais, que vendem Xanax e Lexotan que tornam essa senhora numa mera ovelha trôpega (para além do mais... dependente), que bale débilmente ao invés de reenvindicar e dar chatices, em vez de gastar esse dinheiro a criar as condições para que essa depressão fique com os dias contados...
A meu ver, os médicos, deveriam ter uma palavra a dizer, uma atitude a tomar... talvez recusando-se a fazer este trabalho sujo de lobotomisar sistémicamente... o utente!
Parece-me de sublinhar o contributo de "Apenas o cidadão", porque ele reflecte uma realidade que tem de ser afirmada e reafirmada até que todos ouçam e ninguiém possa fingir que não sabe: é que existem muitas pessoas (eu continuo a achar que são a maioria) que sabem e vêem onde estão, qual a essência de, os nossos problemas, mas que nada podem fazer, porque o poder e os cargos continuam nas mãos de incompetentes. É assim em todos os sectores de actividade.
Isto só confirma o que tenho vindo a dizer (e que vou continuar a dizer): que existem, também neste país, as pessoas certas para cada cargo e função. A origem dos nossos problemas está no facto de os cargos não serem exercidos pelas pessoas adequadas, mas sim pelos do compadrio e tráfico de influências...
É óptimo ver como, com tão poucas palavras, se pode resumir a essência dso problema. Agora é agir em con formidade. No nosso caso, não calar.
Como pode a saúde funcionar sem um sistema de informação credível?
O que aconteceria aos bancos, seguradoras, agências de viagens, transportes sem esse instrumento universal?
Porque não se analisa o trabalho do IGIF, principal responsável desta situação ao longo dos anos?
Porque se escondeu o negócio da netsaúde LFP/Delarue?
Porque terão tendência a aparecer mais mais iniciativas deste género no reino dos papalvos?
Outra das questões encapotadas do nosso sistema de saúde reside no facto dos médicos ditos de família, pela legislação oficial, serem detentores de poder quase ilimitado sobre os doentes. Daí se podem retirar outros dividendos que se têm escondido na sombra. Não são só as galinhas e os perús. Os utentes economicamente desfavorecidos que são a maioria, cedo se apercebem que nada poderão fazer para se libertar desse jugo, sob pena de não obter respostas às múltiplas burocracias de que dependem no Estado Providência.
Nas sondagens não se atrevem a criticar o sistema, não vá o diabo tecê-las. Têm-se feito "estudos" patrocinados por pessoas com conflitos de interesse, tal como um médico de família director de mais um desses institutos públicos (IQS) que já devia ter fechado há muito, de modo a provar o contrário do que toda a gente sabe. Antes o sociógo Vilaverde Cabral também se meteu no assunto mas a certo ponto, sendo pessoa séria, percebeu a marosca.
A patranha já não oculta a realidade: fazem muita medicina preventiva, preocupam-se deveras com a qualidade, seriam os principais responsáveis pela 12ª posição em cuidados de saúde que Portugal ocupava na estatística. Não têm nada a ver com a escalada da SIDA, da tuberculose, dos acidentes rodoviários, das mães solteiras, do alcoolismo, da obesidade, da toxicodependência. Muito menos do protelamento de situações críticas que nunca são referenciadas e corrigidas.
Se milhares de doentes ousassem falar verdade sobre o atendimento, se perdessem o medo - a sua dependência relativamente às comparticipações nas análises, obtenção de baixas e reformas antecipadas com custos astronómicos - descobertos os atrasos dos diagnósticos, o sofrimento que poderiam ter sido evitados, então seria possível tomar medidas.
Falem com os nossos emigrantes em França, Alemanha, Holanda, Espanha, Luxemburgo.
Será apenas de estetoscópio ao peito, sentados numa secretária, agarrados ao telefone, chegando tarde, que se escutam e examinam as pessoas, se cuida das suas idiossincrasias, se raciocina em termos clínicos, se esclarecem as dúvidas? Vamos admitir que são verdadeiros génios e nem precisam de ajuda?
Não nos venham com a falácia das excepções que confirmam a regra. Sem quebrar com o monopólio iníquo dos centros de saúde face à população desfavorecida e menos informada, sem estabelecer concorrência leal, o sistema não funciona.
A mesma receita para os hospitais. Só assim o SNS, o Social e o Privado, podem e devem funcionar lado a lado. Tudo devidamente regulamentado e com a garantia de auditorias em permanência.
Comecemos por exigir qualidade no dia a dia, demonstremos dedicação e competência, reduzamos drasticamente o tempo com os delegados de propaganda e criemos critérios rigorosos para a ida a congressos.
O dia dos doentes poderem optar de facto pelo seu médico acabará por chegar. Os que não puderem tolerar a inevitável mudança contactem com as agências de viagens. Os amigos são para as ocasiões. Haverá talvez um país amigo, quiçá tropical, a precisar da vossa desinteressada colaboração. a alternativa será continuar com o actual desperdício, persistir no distanciamento pelo trabalho em equipa, na transformação da actualização médica em diversão turística, a esconder a iatrogenia silenciosa, a desprezar o registo da informação? Quando vai a população tomar conhecimento dos custos astronómicos por quanto ficam ao Estado as consultas nos centros de saúde (60 a 100 euros) e das ajudas de custo dos administradores dos hospitais SA?
Pode-se de facto fazer-se melhor e mais barato, mas é preciso não fazer figura de pato para sempre.
Na minha opinião o SNS tem três falhas que considero serem fulcrais para o seu mau funcionamento:
1º- Burocracia a mais, ou seja, uma pessoa quando se dirige a uma instituição médica pública, passa por uma autênticaa máquina burocrática que tritura completamente os utentes.
2º- Culpa dos portugueses, que muitas vezes podiam dirigir-se a um centro de saúde em vez de ocupar as urgências dos hospitais. Embora muitos dos nosso centros de saúde deixem muito a desejar.
E a terceira falha que não apontei no comentário anterior, é o mau direccionamento dos fundos. Há dinheiro a ser muito mal gasto, porque e´aplicado nos sitios errados.
Transcrito de Sociocracia.
Vergonhoso!
Funcionamento do Sistema Nacional de Saúde…
Um relato, (mais um, são aos milhões) para ilustrar o que digo quando falo de mafiosos à solta, de criminalidade institucionalizada, que goza de total impunidade e cumplicidade, dos políticos, e outros responsáveis; de todos os responsáveis.
Este relato está, em comentário, no post anterior, e foi trazido por BM, a quem se agradece.
“Não tomei nota do blog. Se couber:
SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE UMA REFINADA VERGONHA - dos médicos.
Anonymous said...
Denunciem o Sistema de Saúde em Portugal!
Permitam-me que lhes transcreva, de forma sintética, um artigo que li no Boletim Informativo do Clube de Campismo do Concelho de Almada, datado de Junho de 2005, da autoria de José Chitô.
Leiam, porque vale mesmo a pena!
Este senhor acordou um dia com um problema no olho direito. Pareceu-lhe grave.
Deslocou-se ao Hospital Garcia de Orta, em Almada (16 Abril 2005).
Diagnóstico: deslocamento de retina. Só poderá recuperar com operação.
Segundo a opinião do oftalmologista, a situação é grave e urgente.
Mas a lista de espera é muito grande: talvez 6 meses a um ano.
O nosso amigo fica abismado, pois uma situação destas requer internamento imediato.
Qual a solução que veio da boca do médico?
A existência de um bom especialista, em Setúbal, que ele próprio conhecia.
Lá vai o homem à consulta do referido especialista que lhe confirma diagnóstico: tem que ser operado!
- “Eu levo 3.000 euros por operar, mais 3.000 para a clínica e assistentes."
TOTAL: 6.000 euros (1.200 contos).
Por esta consulta desembolsou 60 euros.
Por achar este orçamento brutal, resolve marcar consulta para uma clínica emBadajoz.
Devido à urgência do caso, marcam-lha para o dia seguinte.
É atendido meia hora depois de ter chegado. Confirmam-lhe o diagnóstico.O especialista diz não haver tempo a perder, não tem datas livres, por issovai ter de adiar operações menos urgentes para poder encaixar a dele.
Volta passado 10 minutos, com a data da operação: AMANHÃ ás 17 horas.São 1.200 euros (240 contos). Custo da consulta: 35 euros.
A operação foi um êxito! Nos 30 dias seguintes e sempre que se deslocou à Clínica, não pagou mais nada.
COMENTÁRIOS?
Este país não tem salvação possível!
E não sou daqueles que gostariam de ser espanhóis!
Reenviem para quantos amigos e conhecidos tenham, para que sejamos cidadãos informados e denunciantes deste SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE, completamente PODRE!”
Resta acrescentar mais uma história:
Um jovem, com menos de 20 anos, faz uma rotura de ligamentos, num joelho, a praticar judo (que tem seguro obrigatório, assegurado pela Federação). Vai ao Hospital de Santa Maria, de imediato. Sai de lá com um diagnóstico do tipo “Não sei nem quero saber e tenho raiva a quem sabe!”, que é como quem diz: “Talvez seja rotura de ligamentos, Só se pode saber fazendo um exame específico, que o Hospital não faz e que custa uma pequena fortuna! Sucede que a família do jovem atravessa graves dificuldades financeiras, de tal modo que nem sequer pode encarar a hipótese de consultar o especialista recomendado, porque o simples custo da primeira consulta é incomportável. E assim andou, o jovem, durante dois anos, estropiado e comprometendo a sua integridade física para o resto da vida, de hospital, de recomendação em recomendação… Até ao Garcia de Orta o mandaram, indicado para um profissional que não se encontrava ao serviço, nem foi possível localizar. Isto a pagar deslocações e outros encargos, todos insuportáveis para a grave situação económica familiar.
Ao fim de dois anos acabou por ser operado, na sequência de novo episódio que lhe agravou a situação.
Começou por pagar uma consulta, caríssima, a um dos melhores especialista, que o encaminhou para uma unidade hospitalar especializada, onde se propunha fazer-lhe a operação (dum joelho muito danificado, não apenas pela lesão, mas pelo tempo decorrido sem tratamento); mas recebendo mais de mil contos. Até que, perante o desespero de familiares, percebendo que não lhes seria possível pagar esse dinheiro, acabou por a operação ser feita a expensas do seguro, custando, ao seguro, pouco mais de cem contos…
Também este jovem teve de desenbolsar 90 euros, por uma consulta dum outro especialista que lhe indicaram, posteriormente, porque continuava a ter queixas, apenas para ele olhar para o joelho e lhe dizer que não havia nada a fazer...
E não há um pingo de vergonha, nem uma entidade fiscalizadora que ponha cobro a estas patifarias, que atentam contra a integridade física da nossa população.
Assim, de repente, sou capaz de me lembrar de mais meia dúzia de casos concretos…
Mas antes dos aqui referidos maus serviços, começa por acontecer o desãnimo no doente que precisa do SNS. Ora vejamos:
Um idoso de 80 anos, já todo 'roto' devido à idade, com um daqueles problemas que ocorrem na parte superior do fémur, que mal o deixa dar alguns passos, sempre enconstado a uma bengala, começa por ter de se levantar da cama às 5 e meia da manhã, para ir marcar uma consulta no seu médico de família. Para ir de sua casa até ao Centro de Saúde, precisa de panhar 2 autocarros e está cheio de sorte porque a paragem fica a 100 metros da sua porta. Mas, a essa hora da manhã os autocarros são raríssimos... e a solução é ir a pé. Bem, mas isso nem pensar; nunca conseguiria lá chegar. A solução seria um táxi, se os houver disponíveis a essa hora. 15 euros pelo menos. E será que esse doente consegue estar na 'bicha' das 6 até às 8 à porta do Centro de Saúde ao relento para manter a sua vez, sem piorar o seu problema ou arranjar outros? E será que depois desta deslocação, afinal o seu médico de família nem dá consultas nesse dia? Ou não está de férias ou dispensado por qualquer motivo? Supondo que não, lá para as 10 da manhã já está despachado com a receita na mão, panha o táxi até à farmácia, (10 euros), e avia a receita (cerca 22 euros e 2005, agora cerca de 30 euros) volta a chamar um táxi para casa (10 euros) e com toda a sorte a persegui-lo às 11:30 está em casa. Mas depois de todo este gasto, não há médico nenhum nem nenhum medicamento milagroso que lhe tire aquela astrose que não o deixa usar uma das pernas. Os medicamentos são para os outros problemas. E com sorte, paga cerca de 60 euros por mês em Saúde. Ainda lhe resta o resto da reforma mínima para coexistir.
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