Que esperar deste governo?
Com a maioria absoluta que pediu, José Sócrates tem agora pela frente uma infinidade de problemas que os portugueses lhe vão exigir que resolva. Para isso lhe deram o que pediu!
Mas todos sabemos que não vai ser tarefa fácil...
Muitas das medidas a tomar terão que ter efeito imediato, quanto mais não seja na nossa predisposição para encarar os sacrifícios. Outras, talvez bem mais determinantes, só darão frutos a médio prazo mas não poderão ser adiadas!
Temos legítimas expectativas, mas...
Mas todos sabemos que não vai ser tarefa fácil...
Muitas das medidas a tomar terão que ter efeito imediato, quanto mais não seja na nossa predisposição para encarar os sacrifícios. Outras, talvez bem mais determinantes, só darão frutos a médio prazo mas não poderão ser adiadas!
Temos legítimas expectativas, mas...
13 Contributo(s)
Que esperamos do novo governo?
Esta questão traz-me à lembrança algumas peripécias da “Guerra do Ópio”.
Para os mais distraídos, lembro que a “Guerra do Ópio” ocorreu entre a China Imperial e a Inglaterra, tendo dado origem à ocupação de Hong Kong pela Inglaterra. Este conflito, mais este, é um bom exemplo da arrogância do Império Britânico daquela época (e não só), mas não é o conflito, em si, que ilustra os riscos da nossa actual situação.
O episódio que me vem à cabeça, relacionado com aquele conflito, quando penso na situação política do nosso país, é o facto de a China ter sido obrigada a ceder perante a arrogância impertinente dos “mandatários” de “sua majestade”, apesar do seu enorme poderio, se tivermos em conta os seus mais de 500 milhões de habitantes.
No auge da agudização do conflito, os detentores do poder, na China, ainda levantaram a hipótese de distribuir armas pela sua população, para que as pessoas se defendessem (e defendessem a China) da arrogância Britânica. Mas, alguém “mais avisado” “segurou-lhes a mão”, fazendo ver que os chineses nada sabiam acerca dos súbditos de “sua majestade” e, por isso, não os identificavam como inimigos. Ao contrário, devido à forma infame como eram tratados pelos seus governantes, os consideravam seus inimigos mortais, pelo que, se se vissem armados, certamente não hesitariam em virar as armas contra “os inimigos” que conheciam bem (os seus governantes), em vez de lutarem contra, de combaterem, os Ingleses. E assim a Inglaterra ganhou, sem dificuldades, esta disputa.
Daqui pode-se concluir que a China não foi vencida (e humilhada) por mérito da Inglaterra, mas sim por ter sido “vencida” (atraiçoada) pela perfídia dos seus próprios governantes, contra o seu povo.
Os mais distraídos perguntarão, o que é que isto tem que ver com a nossa situação. Tem tudo! Primeiro porque a força, o poder e a capacidade duma nação reside principalmente, na sua gente, na sua população. Não há governo estável, eficiente, poderoso, sem o apoio da generalidade da sua população. Governantes que “maltratam” a sua população deviam ser fuzilados por traição.
A nossa população é uma população maltratada, sem direitos. Os nossos governantes não têm respeito por nada, nem sequer por si próprios, e muito menos pela opinião ou vontade da população, por isso espezinham e aviltam a nossa dignidade colectiva, com o maior desplante e descaramento.
O governo actualmente eleito, com uma falsa maioria absoluta, porque não tem o apoio da maioria da população, nunca vai poder tomar as medidas necessárias e urgentes para resolver os nossos problemas. A sua situação de fragilidade (que os próprios escondem da população, mas que os mafiosos conhecem bem) deixa-o (governo) à mercê, de todos os grupos de tráfico de influências (vulgo máfias) e das sua pressões. À população eles escondem a realidade e as suas consequências, mas esta escumalha não deixa de a utilizar a seu favor, instigando e manipulando a opinião pública contra o governo, se as suas exigências não forem atendidas. Não precisam de se esforçar muito, porque o governo só representa 29,3% da população.
Por outro lado, as cedências, mais que previsíveis, do governo, às pressões das máfias, vão agravar ainda mais a nossa situação económica e social, facto que acabará por ter consequências imprevisíveis. Quaisquer que sejam as consequências, uma coisa é certa: a contestação (mesmo que apenas aquela a que estamos habituados a assistir) provocará instabilidade e agitação social, impedindo o governo de se manter por muito tempo.
O que eu quero dizer é que, enquanto este sistema de vigarice dos resultados eleitorais se mantiver, não será possível haver estabilidade, nem os governos se manterem por muito tempo, porque eles começam, logo de início, fragilizados de tal maneira que não conseguem “aguentar-se” aos “abanões”.
Por isso eu defendo a alteração das regras eleitorais, no sentido duma verdadeira democracia; defendo que só devem tomar posse os deputados que sejam eleitos, defendo a proporcionalidade directa entre o número de deputados de cada formação política e a respectiva percentagem de votos (porque assim o parlamento reflecte melhor a realidade). Defendo, enfim… tudo aquilo que já disse inúmeras vezes.
Mas há coisas que têm de ser ditas e repetidas, muitas vezes, para se poderem “ouvir”, por entre o barulho ensurdecedor da demagogia e mistificações, estupidificantes, em que estamos atolados e de que estamos cercados por todos os lados.
Eu defendo, principalmente, que a nossa população tem direito à esperança e a ter confiança no futuro, porque a esperança existe. Defendo (como sendo uma lei da vida) que existem, em todos os tempos e lugares, as pessoas certas para cada cargo e função, para que a sociedade possa funcionar bem. Defendo que existem as soluções para todos os nossos problemas; e ainda que, quer as pessoas certas nos lugares certos, quer as soluções, só ainda não são uma realidade, por completa e absoluta ausência de democracia. Se existisse democracia, quer as pessoas certas nos lugares certos quer as soluções dos problemas, deviam acontecer naturalmente.
Defendo, em suma, que os nossos políticos deviam ter vergonha e ir para o raio que os parta, todos, perante o descalabro em que tem afundado o país.
Será que vou ter a agradável e feliz surpresa de me enganar nesta análise? Que bom seria...
a democracia normalmente representa a vontade de uma determinada maioria que pode ou não corresponder à maioria da população ... mas como esperar que a população faça escolhas correctas se normalmente são profundamente incultos/iletrados nos assuntos em discussão ... qualquer demagogo, suportado pela imprensa consegue levar a sua avante ... dito isto, necessito referir que defendo a democracia, talvez um pouco mais responsabilizante para os seus titulares ... quanto a pessoas e soluções certas, eu cá para mim não acredito em milagres ... o que parecia ser certo na década de 30 -a construção do celeiro de portugal foi um dos maiores crimes ambientais cometidos em portugal ... deste governo, não espero nada de bom, pelo contrário, mas tenho dúvidas que algum político em portugal tenha a coragem para tomar medidas que vão contra as ideias dominantes em Portugal e portanto acho que dificilmente poderemos chegar a algum lado ... para que conste eu defendo MENOS ESTADO e MAIS CIDADANIA - maior responsabilização individual e menor dependência do estado (quer particulares quer empresas) ...
O que nós queremos deste governo todos o sabemos muito bem, mas o que pode este governo nos oferecer é que não sabemos.
Para além da lembrança do que ocorreu no último governo socialista, em abono da verdade nada abonatória, este governo é por si só uma indefinição política.Arvorado paladino da esquerda, procura, contudo, o eleitorado do centro e da direita. Como se pode agradar a Gregos e Troianos? É completamente impossível fazer sair o país da crise em que está sem uma opção bem definida das medidas que devem ser tomadas. Mas como? obrigar os ricos, e não só,a pagarem os impostos que nos fazem falta? Obrigar os empresários a gerirem melhor as suas empresas? A não ceder a todas as chantagens das entidades patronais, cujo o único fim é o lucro fácil? Mas como? se les foram buscar votos à direita e ao centro.
À esquerda só lhe têm pedido, até aqui, que trabalhe com maior produtividade e com o mais baixo salário possível, de preferência sem praticamente regalias sociais. Como vão eles contentar estes sem ofender os outros?
Tarefa difícil esta de pôr os Gregos e os Troianos a coabitarem no desenvolvimento. É como no poker, pago para ver.
Não creio que seja dificil pôr "Gregos e Troianos" a coabitar. Basta que o estado assuma a sua função de fazer cumprir a legalidade, que governe o País e para a democracia. Por mais que me digam que não, acho que a abordagem "esquerda-direita", ou aquela outra de "mais ou menos estado, em oposição a mais ou menos iniciativa privada" são "discussões" de luxo, que não se aplicam na nossa situação concreta, de país onde as instituições ou não existem ou funcionam abaixo dos níveis do terceiro mundo. Ou seja: é desviar a discussão.
Como disse no meu primeiro artigo, acho que o governo não tem condições para governar, nem para se manter por muito tempo, sobretudo porque a situação actual, que vivemos é não de muito ou pouco estado, mas de total ausência de estado de direito. O país está nas mãos de criminosos, praticam-se os piores crimes de dentro das próprias instituições, sem que sejam devidamente punidos, ou corrigidos, cada um faz o que quer e pode e, como os criminosos é que controlam o poder, isso provoca um efeito devastador na sociedade.
Esta situação desastrosa a que chegámos, não é culpa, exclusiva, da má governação socialista ou do PSD. É culpa de todos os partidos, sobretudo dos que têm assento no parlamento.
Este governo, tal como os outros, não tem a coragem, nem a idoneidade para inverter esta situação e começar a colocar algumas coisas no seu lugar. Não tem coragem nem idoneidade para governar para o país e sacodir as máfias. Até porque o PS é um ninho de "barões", também. Sem isso, o país não pode melhorar, nem o governo se pode manter, por muito tempo.
Portanto, o que eu peço, não é mais esquerda, ou mais direita, ou nada dessas tretas de quem tem a cassete gravada e não sabe olhar para a realidade e para os problemas reais, das pessoas, que nos afectam a todos e cuja resolução pode mobilizar a maioria da população. O que eu peço, dizia, é um mínimo de dignidade e de vergonha, de justiça e de democracia, na nossa vivência do dia a dia. É muito pouco (do pointo de vista ideológico, vesgo) e é, ao mesmo tempo, o essencial para que possamos progredir.
Comecemos pelas coisas simples, por resolver os problemas dos cidadãos, por dar caça e punição severa aos criminosos, principalmente aos que ocupam cargos dentro do aparelho do estado, e veremos, rapidamente, a nossa situação política, económica e financeira melhorar. Para isso é necessário uma classe política mais digna, menos covarde, que enfrente os problemas e os resolva, em vez de virar a cara e se colocar à margem, deixando-os agravar até ao limite. É preciso que, perante os problemas, se fale dos problemas, com clareza e não se "mude de conversa" para tretas e "ideologias demagógicas e esteriotipadas" que só servem para entreter os tolos e proteger a perfídia dos criminosos.
Um governo para quatro anos tem de governar sem mentiras nem desculpas, de acordo com o sentir e a vontade da maioria da população. Os cidadãos devem ser consultados sobre as regras de eleição do parlamento e sopbre muitas outras matérias sensíveis, onde se fazem leis e regulamentos que só protegem criminosos.
Começar a ouvir os cidadãos sobre este tipo de coisas é um bom princípio para que as coisas se alterem. Deixa de ter importância o que cada um defende, do alto da sua teorização bacoca, para se poderem começar a resolver os problemas concretos.
Um Estado assumir a função de fazer cumprir a legalidade com equidade, que governe para o país e para a democracia, é uma utopia.
O Estado é pertença de um partido ou de uma coligação de partidos com a mesma ideologia, legitimados pelo logro democrático das eleições.
Desta forma, a democracia terminou no acto eleitoral, dando lugar a uma tecnocracia.
Tecnocracia é um sistema de governo em que o controlo das funções governamentais reside nos especialistas das diversas matérias (economia, educação Etc.). Defenido como falho de ideologia concreta, pressupõe a adaptação do capitalismo monopolista face às mudanças políticas e, ao mesmo tempo, o controle político por grupos de interesses.
Só o desejo de ser um governo tecnocrático, justifica o empenho nas campanhas eleitorais, por parte de certos partidos, onde para se obter os fins, justificam-se todos os meios, por muito baixos que sejam.
Porque se esforçam tanto eles? Para o nosso bem, como temos visto, é que não é.
A tecnocracia é uma forma descriminadora de governação, onde lógicamente a coabitação dos Gregos e dos Troianos é totalmente impossível, pois ela no seu fundamento beneficia os Gregos e prejudica os Troianos.
Não é um "luxo" admitir a existência de duas classes distintas, a que retira previlégios directos da governação, a direita, e a que é sacrificada para a obtenção daqueles previlégios, a esquerda. Sempre foi e será assim.
Para os da direita não pagarem as suas obrigações sociais, os impostos, obriga-se a esquerda a pagar o que pode e não pode. Todas as medidas de austeridade são só para serem cumpridas pela esquerda, o Zé Povinho, como lhe chamou na TV o professor Marcelo Rebelo de Sousa.
Tudo o que lamenta da situação actual do país, bem como a actuação "crimisosa" dos detentores do poder, é a consequência e actuação previsível de uma tecnocracia, a qual por sua própria definição não presta contas a ninguém dos seus actos.
A manifesta incompetência, o compadrio, o emprego para os amigos, a aplicação de políticas que visam servir os interesses instituidos, o governar-se em quanto pode, etc., são actuações impunes neste tipo de governação.
Esta é a situação, até aqui, da governação do nosso país e na maior parte dos outros.
Terceiro mundista? pior ainda, mais parece a Alta Idade Média, com as suas classes sociais, senhores e servos da blebe. Exagero? Pensando bem , pouco falta para chegar a uma forma moderna de tais classes.
Para inverter esta situação, na minha opinião, só será possível com o advento de duas coisas.
1º Um eleitorado muito esclarecido. A direita é muito menos numerosa que a esquerda, o que quer dizer que para ganhar terá de conquistar eleitorado no campo adversário. É o que infelizmente tem acontecido e acontecerá muito tempo, até o Povo ser uma pessoa completamente esclarecida, e para isso é fundamental a educação.
2º A criação de um orgão, independente, de caracter fiscalizador, encarregado de verificar durante a governação, o cumprimento dos programas apresentados ao eleitorado, quando da campanha eleitoral, e com poderes para sancionar ou mesmo propor a destituição do governo, quando este faça exactamente o contrário do que se comprometeu fazer.
Não devemos esquecer de que a opção do voto foi feita em face das propostas dos respectivos partidos.
Se não houver honestidade no prometido, do que rezulta o seu incumprimento, então houve uma quebra do contrato entre quem prometeu e a quem foi prometido.
Pra terminar.
O governo não pode ser um instrumento ao serviço dos poderes instituidos, mas sim ao serviço da Nação. A História encarrega-se de vaticinar o que acontece quando tal não é assim.
Meu querido amigo Augusto!
Estou de acordo consigo em quase tudo o que diz, excepto no essencial.
Quando diz: “Um Estado assumir a função de fazer cumprir a legalidade com equidade, que governe para o país e para a democracia, é uma utopia.”
Eu responderia que não é uma utopia! É uma necessidade imperiosa e urgente. Por isso, tem de ser “um objectivo a alcançar a todo o custo”. Basta não baixar os braços, nem, nos deixarmos desviar do essencial. Partir da realidade e “construir” a partir daí, também é importante.
Quanto ao “diagnóstico” estou de acordo, mas isso também não é difícil por tão evidente. Nisso já é possível obter consensos.
Quanto às suas propostas “para inverter esta situação”, permita-me que corrija duas coisas:
(1) As mudanças têm de ser feitas com a população que temos, exactamente com o seu nível de esclarecimento.
Acho que, neste ponto, o que nos distingue, o tal “essencial” é o facto de eu achar que é possível intervir e alterar este estado de coisas; não estar à espera que “outros” o façam, porque não se pode esperar isso; não desistir, combater até ao último fôlego, por esse objectivo.
Mas há uma outra coisa: parece-me perceber algures num “conceito subjectivo” inerente às suas palavras, a “aceitação” da monopolização de capacidade e “competência” para influenciar a opinião pública, por parte dos nossos notáveis. Há que inverter esse “sentimento”. Essas pessoas só são “importantes”, porque são promovidas pelos Órgãos de Comunicação Social, mas sobretudo porque as pessoas (nós também) aceitam, passivamente e sem questionar, essa “importância”, acabam por se submeter a essa imposição. A maioria dessas pessoas não satisfaz os meus critérios de importância e isso há-de ver-se em tudo quanto digo e faço. No que for “meu espaço” as coisas não serão assim. E levarei essa ideia até onde puder. Até que cresça e se torne visível, de modo a não poder ser mais ignorada. É que, meu caro amigo, a maioria das pessoas, neste país pensa como nós (as que pensam, que são, para o caso, as que importam; as outras esperam que alguém as guie. Baralham-se se o caminho não for o correcto, mas não sairão dessa “confusão” sozinhas. É aí que “entra” a importância e o valor dos “notáveis” promovidos). Por isso, apelo: vamos dar importância ao que é realmente importante?
(2) Concordo, no essencial, com a fiscalização do cumprimento das promessas eleitorais, exactamente pelos mesmos motivos que enuncia. Só não concordo com: “A criação de um órgão, independente, de carácter fiscalizador, encarregado de verificar durante a governação, o cumprimento dos programas apresentados ao eleitorado”. É que, neste país, tudo se aldraba e adultera exactamente nesses “órgãos” que, sistematicamente, são ocupados por gente que não presta, do mesmo tipo da que nos ultraja, todos os dias, no governo.
Acho que esses mecanismos de fiscalização têm que existir, mas devem ser exercidos pelo povo, através de referendos. Proponho que o funcionamento, quer do parlamento quer do governo, (verificação de cumprimento das promessas eleitorais) seja feito no prazo máximo de 18 meses, em relação à sua tomada de posse e o governo seja corrido se não obtiver mais de 50% dos votos. É que, quando um governo ocupa o poder, deve governar para todos os cidadãos. Se o faz, ou não, só os cidadãos podem decidir. Esse simples procedimento alteraria a forma de actuar dos governos (criava-lhes outro tipo de constrangimentos aos seus abusos e prepotências) e permitiria que os nossos problemas começassem a ser resolvidos.
Acho que subsiste uma certa ideia, que considero errada, de que eles, os políticos, são assim e não há nada a fazer. Esta ideia é fomentada para a própria protecção dos políticos e para nos desalentar e fazer desistir. Eles são assim porque podem ser, não são punidos por isso. Quando não puderem ser assim, mudam de maneira de proceder, porque não têm outro remédio. Além de que isso permitiria o aparecimento de pessoas competentes e dignas, que agora não se atrevem, porque é inútil, e porque correm o risco de ser perseguidas e cilindradas.
Não concordo com a criação dum “órgão”, porque esse órgão já existe: é o Presidente da República. Nós só estamos nesta situação, há tanto tempo e sem esperança de melhoras, por omissão do Presidente, de todos os Presidentes. É ao Presidente que cabe “ser o garante do regular e adequado funcionamento das instituições”. Está mais do que provado que as nossas instituições não funcionam, ou seja que o Presidente não cumpre as suas funções. Por uma questão de conceitos, eu sei. Ele(s) acha que as instituições estão a funcionar. Nada me (nos) garante que uns outros quaisquer, que ocupassem o tal “órgão” concordassem connosco e não com o presidente. Por isso impõe-se fazer a pergunta directamente a quem sabe: ao povo. Esse não engana! Até porque são os cidadãos que estão em melhores condições para decidir: “Se não houver honestidade no prometido, do que resulta o seu incumprimento, então houve uma quebra do contrato entre quem prometeu e a quem foi prometido”.
Muita gente argumenta com uma ideia comum, que eu considero absolutamente reaccionária, de que a opinião das pessoas não é fiável, porque elas são manipuláveis. Não concordo, em absoluto! Acho que essas pessoas também não sabem o que é democracia, acham que só eles e os “importantes” é que são importantes, não sabem respeitar a democracia, porque acham que as suas ideias é que são boas; acham que tudo se resolveria se as outras pessoas pensassem como eles e optassem como eles. Não há nada mais errado. Isto é uma ideia fomentada pelos partidos, porque não sabem lidar com a democracia, não sabem ser democratas nem respeitar a democracia.
A essência da democracia é exactamente permitir a resolução dos problemas comuns, apesar das diferenças de opções filosóficas ou outras, que têm, sempre, que ser respeitadas. Não concordo, até porque, nisto como em tudo, a democracia aprende-se a praticar praticando-se. Se isto se fizesse desde o 25 de Abril, (os referendos para aferir da governação) muita destruição se teria evitado e estaríamos muito melhor. Até porque os cidadãos podem errar, mas também sabem corrigir os seus erros. Isto, como está, assim, é que não é nada.
Só mais uma coisa que me parece urgente desmistificar. Como diz, e bem: “O governo não pode ser um instrumento ao serviço dos poderes instituídos, mas sim ao serviço da Nação. A História encarrega-se de vaticinar o que acontece quando tal não é assim.” Passo para aqui esta sua afirmação só para realçar o facto de que: o governo deve estar “ao serviço da nação”. Ora, a nação, somos todos nós “gregos e troianos” e quando “a História se encarrega de vaticinar…” atinge todos os nacionais. É a nossa situação actual. Esta situação não pode continuar e não é benéfica nem útil, quer para “gregos” quer para “troianos”, por mais que uns ou os outros não percebam isso. Acho que já toda a gente percebeu, a questão é que, pelo facto de não estarem “as pessoas certas nos lugares certos”, parece que ninguém sabe como se deve sair disto, com a necessária dignidade, beneficiando todos, como é possível, é urgente e necessário. Por isso, por causa desta confusão, destes conceitos limitados, de parte a parte, assiste-se ao “cada um” a tentar “puxar a brasa à sua sardinha”, sem pensar nas consequências para os outros, que se transformam em consequências para o conjunto e, por efeito de ricochete, para os próprios também.
É necessário sair disto! Só se pode fazê-lo com mais democracia, mais responsabilização (e sobretudo com mais competência). Só se pode sair disto com as ideias bem arrumadas, no seu devido lugar, sabendo que existem soluções “boas” para todo o tipo de problemas, que existem, em todos os tempos e lugares, as pessoas certas para os lugares certos, que é função da democracia permitir uma coisa e outra: as soluções e as pessoas certas nos lugares certos.
É fácil saber se um cargo é ocupado pela pessoa certa, pelos seus resultados objectivos. Por isso, quem falha deve ser corrido e punido, porque essa é a primeira condição para se resolverem os problemas e para colocar as pessoas certas nos lugares certos. No mínimo, devemos reconhecer “importância” às pessoas, de acordo com o que merecem, segundo este critério. Em breve teremos que ir à procura dos “nossos” importantes, por concluirmos que estes que nos tentam impingir, não têm qualquer “importância”. Comecemos por elevar o nosso “nível de exigência”.
Desculpe qualquer coisinha, mas eu sou assim mesmo…
Só mais um pequeno reparo: será que pudemos esperar isto tudo do novo governo? Pois é! Já nos afastámos, muito, do tema da discussão. As minhas desculpas!
Caro Biranta
Quando digo utopia, quero dizer um sonho irrealizável. Mas "como o sonho comanda a vida" não devemos deixar de sonhar e aí estou de acordo consigo.
Não conheço nenhum país onde mesmo "a todo o custo" esse sonho se tenha realizado, só na Utopia de Thomas More.
O problema é muito mais complexo do que esta nossa simpática conversa, mexe e muito com a natureza humana.
Não quero estar a filosofar, mas mesmo quando sxistam só dois homens, um deles ocupará um lugar proeminente em relação ao outro. Sempre foi assim, porquê deveria mudar agora?
Não sou da opinião de baixar os braços e aceitar o fatalismo, mas reconheço que a coesão da minoria é muito mais forte que a anarquia da multidão, contudo, a necessidade de interdependência de ambos, leva-os a manter um luta constante, na procura de ponto de equilíbrio.
(1) "As mudanças têm de ser feitas com a população que temos, exactamente com o seu nível de esclarecimento". Como temos visto até ao momento, não resultou e está cada vez mais difícil de resultar, com o constante fortalecimento dos poderes constituidos.
Claro que as pessoas que influenciam a opinião pública, são promovidas e apoiadas pelos Orgãos de Comunicação Social, outra coisa não era de esperar, quando estes são controlados por aqueles. Os Orgãos de Comunicação Social em vez de estarem ao serviço do povo, para o esclarecer, não passam de meros instrumentos dos influenciadores.
Não aceito passivamente esta situação sem questionar, mas como podem os nossos protestos fazerem eco? Subscrevo plenamente o seu apelo: "vamos dar importância ao que é realmente importante", só que não sei como será possível sem o povo estar educado e esclarecido.
Não sou um derrotado da vida, até muito pelo contrário, caro amigo Biranta, mas pode crer que o nosso maior mal foi a revolução dos cravos não ter sido a das rosas, cheias de espinhos para nos fazerem sangrar as mãos. Historicamente perdeu-se a grande oportunidade, agora é mais difícil, mas concordo consigo que devemos continuar a lutar.
(2) Concorda com a fiscalização do cumprimento das promessas eleitorais, mas não concorda com a criação de um orgão independente para esse fim, por não acreditar que possam haver pessoas honestas para o integrar. Neste ponto dá-me razão na dificuldade de controlar o sistema.
A sua proposta de aprovação da acção do governo por meio de referendo, parece-me uma boa ideia, pois seria o próprio povo a julgar didectamente a acção governativa, se não enfermar do mesmo pressuposto das eleições, a falta de esclarecimento do povo.
Quanto ao Presidente da República como garante das instituições, na teoria está correcto, mas na prática a sua acção pauta-se conforme a sua cor é ou não a do governo.
Tomo o seu partido na luta que deve ser travada,até se conseguir uma sociedade justa onde os deveres e garantias sejam iguais para todos, mas "o que faz falta é avisar a malta".
Tive muito gosto nesta troca de pontos de vista, espero que noutros temas as possamos repetir.
Um abraço. Augusto
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Amigo Augusto,
Volto aqui apenas para precisar duas coisas:
(1) “Não conhece nenhum país onde…”, nem é necessário que conheça para que isso seja possível, porque as mudanças são assim mesmo: diferentes! Além de que, tanto quanto sei, o que se passa nos outros países também não é tão aliciante assim... Já que é para mudar, então que seja para melhor, mesmo. Por quê temos de nos limitar a imitar?
“Quando existam só dois homens, um deles ocupará uma posição proeminente…”; mas isso não tem mal nenhum, se ambos estiverem de acordo. É fácil que cheguem a acordo; acontece muitas vezes. Basta que seja necessário e útil, para ambos, que seja assim.
“Até ao momento não resultou…” nem resulta se não persistirmos o suficiente, no caminho certo, mobilizando cada vez mais e mais gente, dando tempo (tendo paciência) para que os outros “acordem”.
“Perdeu-se a grande oportunidade”? Não concordo. As oportunidades acontecem todos os dias. As transformações que são possíveis hoje, talvez não o fossem naquela altura. Hoje é possível intervir doutras forma, como por exemplo aqui… E daqui… sabe-se lá… Mas não estou, com isto, a querer desculpar o que quer que seja, nem os disparates oportunistas, os crimes, que se cometeram. Só é mais difícil, hoje, porque se destruiu a esperança e a confiança de muita gente, que têm de ser recuperadas. Mas como as condições também são diferentes, talvez isso se possa compensar pelo aumento de exigência e de rigor…
(2) Agora o mais importante. Eu não disse, não sugeri, nem quis dizer, nem acredito: “que não possam haver as pessoas honestas para integrar o tal órgão”. Logo eu, que passo o tempo a dizer e a repetir que “existem as pessoas certas para cada cargo e função”. Não! O que eu disse foi: “neste país, esses órgãos são, sistematicamente, ocupados por gente que não presta”. Há quem diga que é a maçonaria, e/ou… não sei! Só sei que o podemos constatar.
Que há as pessoas honestas e dignas e íntegras e capazes? Há, com certeza! Não temos é garantia de que sejam as escolhidas para ocupar esse órgão, tal e qual como tem acontecido até agora, em que se “escolhem”, exactamente, os que não devem ser escolhidos. Repare que nem sequer digo que, entre os notáveis, não existam pessoas sérias. O facto é que, funcionando em “órgão”, quem controla são os patifes, quem manda são os patifes, quem “decide” são os patifes. Há que inverter estes “critérios” e dar importância, apenas às pessoas honestas, mesmo que sejam desconhecidas. Mas se são desconhecidas, como é que nós sabemos se são honestas? Por isso este controle tem de passar para as mãos do povo!
Quanto ao mais concordo inteiramente consigo. Há que continuar esta luta sem descanso. Outras “consciências” despertarão e estaremos mais próximos “de sermos gente”!
Também gostei muito deste “bate-papo”… e voltarei sempre e aonde se justificar!
Ontem não consegui registar o comentário. Hoje "entrou" cinco vezes. Peço desculpa a todos!
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